ABSTRACT Objective: the option to enter into a contract for goods and services has been used by the public sector since ancient times, and to improve the productivity of these contracts, the actors involved have resorted to different forms of incentives. In Brazil, the only form of incentive formally admitted is a sanction, but empirical evidence suggests that some types of breaches of contracts have been overcome through negotiation. We intended to identify which factors influence management’s (in)tolerance regarding misconduct in the execution of government contracts/purchases. Methods: this was based on multiple case studies, the authors’ reflexivity, and abductive logic for the analysis of interviews with experts in the area, analysis of publications in official journals, internet information, and internal documents in 14 government institutions. Results: we present a list of factors that are (in)tolerable by the administration in managing contracts/purchases and their underlying reasons. As a theoretical contribution, this study expands the existing public administration literature by including, innovatively, tolerance theory and misconduct and relating them to administrative contract management. Conclusions: having as foremost concern to improve the productivity of administrative contracts, this study clarifies that tolerating can be legitimate and offers measures that can be taken to inhibit the occurrence of misconduct in government procurement and contracting, based on the recommendations of the servants involved in the management of administrative contracts. Still, a research agenda makes proposals for analysis of new factors and explanations eventually not captured in this study.
RESUMO Objetivo: a opção de celebrar um contrato para bens e serviços tem sido utilizada pelo setor público desde tempos remotos, e, para melhorar a produtividade desses contratos, atores envolvidos têm recorrido a diferentes formas de incentivos. No Brasil, a única forma de incentivo admitida formalmente é a sanção, mas evidências empíricas sugerem que alguns tipos de descumprimento de contratos vêm sendo superados por meio de negociação. Pretende-se identificar quais fatores influenciam a (in)tolerância da administração quanto aos desvios de conduta na execução de contratos/compras governamentais. Métodos: foram realizados estudos de casos múltiplos, aplicou-se a reflexividade dos autores (conhecimento de causa) e a lógica abdutiva para a análise de entrevistas com gestores da área, análise de publicações nos diários oficiais, informações da internet e documentos internos, em 14 instituições governamentais. Resultados: apresenta-se uma lista de fatores que são (in)toleráveis pela administração na gestão dos contratos/compras e suas razões subjacentes. Como contribuição teórica, este estudo amplia a literatura de administração pública existente ao incluir, de forma inovadora, a teoria da tolerância e o misconduct e relacioná-los à gestão de contratos administrativos. Conclusões: tendo como preocupação precípua melhorar a produtividade dos contratos administrativos, este estudo esclarece que tolerar pode ser legítimo e oferece medidas que podem ser tomadas para inibir a ocorrência de desvios de conduta nas aquisições e contratações governamentais, a partir das recomendações dos servidores envolvidos na gestão de contratos administrativos. Ainda, uma agenda de pesquisa faz propostas de análises de novos fatores e explicações eventualmente não capturadas neste estudo.